Compositor: Chico Buarque / Georges Moustaki
Oh musa, minha cúmplice
Pequena irmã do exílio
Tens as cicatrizes
De um 21 de abril
Mas não sejas severa
Para aqueles que te desapontaram
Por nada terem podido fazer
Ou por nunca terem sabido
Aqueles que não já acreditam
Ver cumprir-se seu ideal
Diz-lhes que um cravo vermelho
Floresceu em Portugal
Crucifica-se na Espanha
Tortura-se no Chile
A guerra do Vietnã
Continua no esquecimento
Nos quatro cantos do mundo
Irmãos são inimigos
Explicam-se pelas bombas
Pela fúria e pelo barulho
Aqueles que já não acreditam
Ver cumprir-se seu ideal
Diz-lhes que um cravo vermelho
Floresceu em Portugal
Para todos os camaradas
Perseguidos nas cidades
Fechados em estádios
Deportados nas ilhas
Oh musa minha companhia
Que nada vês chegar
Vejo como uma chama
O futuro a iluminar
Aqueles que não já acreditam
Ver cumprir-se seu ideal
Diz-lhe que um cravo vermelho
Floresceu em Portugal
Abre uma garrafa
Pega teu acordeão
E que de boca em boca
Esvoace a tua canção
Porque finalmente o sol
Aquece as pétalas
De mil flores vermelhas
Em abril em Portugal
E esta nova flor
Que floresce em Portugal
É talvez o fim
De um império colonial
E esta nova flor
Que floresce em Portugal
É talvez o fim
De um império colonial